A InterCement, divisão de cimento do grupo Camargo Corrêa, deve decidir nesta semana o futuro de sua divisão de concreto, apurou o jornal O Estado de S. Paulo com fontes familiarizadas com o assunto.
A companhia vai definir qual a melhor estratégia a ser adotada para essa divisão, que tem 40 unidades no País.
Uma das alternativas é fechar algumas operações que não são consideradas lucrativas e pouco estratégicas para a companhia, de acordo com as mesmas fontes. Não há, contudo, intenção de fechar a divisão.
Envolvido na Operação Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras, o grupo Camargo Corrêa é o segundo maior produtor de cimento do País, atrás da Votorantim Cimentos.
A InterCement é líder de segmento na Argentina, atua em Portugal e tem posições relevantes em países da África.
Uma reunião para discutir os rumos estratégicos dos negócios da InterCement está prevista para ocorrer até sexta-feira, 24, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. Procurada, a companhia não se manifestou oficialmente sobre o tema.
A produção anual de cimentos no Brasil está estimada em 70,8 milhões de toneladas.
Do total, 20% são negociados pelas cimenteiras para a produção de concreto, segundo fontes de mercado.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no início do segundo semestre do ano passado, a InterCement havia informado que estava cortando parte de seus investimentos para priorizar a redução de endividamento, que àquela época era de 2,5 bilhões.
A companhia encerrou o ano passado com endividamento de 2,6 bilhões, recuo de 0,8% em relação a 2013.
O lucro líquido no período caiu 68,8%, para 50,1 milhões.
A produção total de cimento atingiu 30 milhões de toneladas, das quais 12,6 milhões no Brasil, e a de concreto 4,5 milhões de metros cúbicos.
O grande salto da companhia nesse setor ocorreu após a compra da portuguesa Cimpor, em 2012.
"Com o boom da economia, as cimenteiras investiram em unidades de concreto para melhoria de processos em obras. É muito comum que, nas grandes obras, o concreto seja produzido no próprio local (com a mistura de cimento, água e brita). Esse mercado também enfrenta a concorrência de pequenas empresas, disse outra fonte.
Marcha lenta
A desaceleração da economia brasileira deve afetar o mercado de cimentos e concreto no País, por causa da baixa demanda por obras no mercado imobiliário e de infraestrutura.
Atualmente, 75% do consumo de cimento e concreto é destinado para edificações em geral e o restante para infraestrutura.
O último boom vivido pelo setor ocorreu entre 2003 e 2012, quando a produção saltou de 35 milhões de toneladas para 69 milhões de toneladas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (Snic). Em 2013, a produção ficou em 71 milhões de toneladas.
Os dados de 2014 ainda não estão fechados, pois o Snic não pode mais divulgar dados mensais consolidados por decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) associada às suspeitas de cartel no setor.
Porém, a expectativa é de que a produção do setor recue, caso a crise econômica perdure.
O primeiro grande impulso das cimenteiras ocorreu entre 1969 a 1980, saltando de uma produção de 9 milhões de toneladas para 27 milhões de toneladas.
Depois de um longo período de estagnação, o setor cresceu entre 1994 até 2000, puxado pelo Plano Real.
Como a expectativa atual é de novo retrocesso, parte das cimenteiras locais poderá rever planos de expansão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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